Prefeituras do PR desviam ônibus escolares para empresa
Na cidade de Presidente Castelo Branco crianças usam veículo velho.
Ministério Público abriu investigação e notificou a empresa.
O caminho para uma educação de qualidade é longo e em algumas cidades do interior do Paraná ele é ainda mais difícil. É que os ônibus que deveriam estar transportando crianças para a escola são desviados pelas prefeituras para levar trabalhadores de uma empresa privada.Um ônibus velho é o único disponível para levar as crianças da área rural até a escola da cidade. Não há nenhuma segurança. Os encostos dos bancos estão soltos. Nas janelas, papelão no lugar dos vidros. Outro problema é a falta de espaço. Moradores da região também usam transporte escolar. No meio da viagem os passageiros ficam na mão. O ônibus para, fazendo muita fumaça.
Enquanto estudantes e moradores sofrem, a prefeitura de Presidente Castelo Branco usa dinheiro público para financiar o transporte de funcionários de um frigorífico particular, que fica a 40 km, na cidade de Maringá. A empresa é uma das maiores do sul do país e exporta principalmente para a Ásia.
O transporte dos trabalhadores é um acordo feito entre a empresa e várias prefeituras da região. Os municípios fornecem os veículos e motoristas que ficam o dia todo à disposição dos funcionários do frigorífico. Em alguns casos, a empresa ajuda com o combustível.
No pátio da empresa, um ônibus escolar, de uso exclusivo, trazia trabalhadores da cidade de Quinta do Sol. "É tudo por conta da prefeitura. Esse ônibus é escolar, mas tudo mundo traz", diz o motorista Zildo dos Santos.
O Ministério Público abriu investigação e notificou o frigorífico. O prefeito de Quinta do Sol, Antônio Roberto de Assis, tentou justificar a situação. "Mais caro para o município é ver o povo desempregado, sem ter recurso para trabalhar".
O prefeito de Presidente Castelo Branco, Valdomiro de Souza, disse que não pretende suspender o serviço. "Se houver um erro, nós estamos cometendo ele há cinco, seis anos transportando esses trabalhadores. Se for possível, vamos continuar esse transporte até terminar o meu mandato".

