Rio tem quase 10% das cidades com alto desenvolvimento, mas perde status

Andréa, de Japeri, procura trabalho há nove anos / André Teixeira

MACAÉ e JAPERI - A fatia fluminense de cidades com alto desenvolvimento é mais que duas vezes superior à nacional. Enquanto 4% dos municípios brasileiros estavam nessa categoria em 2007, nove cidades do Rio alcançaram Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) superior a 0,8, o que representa 9,7% do total. Mas o estado como um todo não conseguiu manter a classificação de alto desenvolvimento. Em 2007, o índice do Rio teve uma leve queda, de 0,8035 para 0,7985, mas que foi suficiente para rebaixar o estado para o grupo dos de desenvolvimento moderado. Entretanto, continuou sendo o terceiro melhor estado do país.

Embora a saúde dos municípios tenha melhorado (alta de 0,48%), emprego e, sobretudo, educação puxaram a nota estadual para baixo.

- A piora foi concentrada em educação, mas 2007 foi o primeiro ano do governo Cabral. Os indicadores econômicos cresceram - afirma o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Júlio Bueno.

Duzentos quilômetros e um abismo em termos de qualidade de vida separam os extremos do desenvolvimento do Rio. Tendo o petróleo como combustível para uma economia pujante e altos indicadores sociais, a euforia de Macaé, no Norte Fluminense, opõe-se à falta de perspectivas dos moradores de Japeri, na Baixada, um município em queda livre. Saiu da 1.569 colocação no país, no início da década, para a 4.113 em 2007. Seu indicador de emprego e renda contraiu-se 41,60% nesse tempo, e a cidade abriu apenas quatro vagas em 2007. Cerca de um terço da população ganha Bolsa Família. Os moradores não conhecem as estatísticas, mas têm a desilusão na ponta da língua:

- Aqui não tem emprego, nem creche para eu deixar meus filhos ou cursos para eu me capacitar - reclama Andréa Cristina da Silva, de 33 anos, nove deles sem trabalho.


Em Macaé sobra o que falta em Japeri: vagas de emprego

Só há lojas no Centro. A paisagem do restante do município tem aspecto rural, dominada por cercas de arame. Há também um inusitado campo de golfe, construído pelo Japeri Golfe Clube. O campo tem uma escolinha gratuita para moradores.

Os moradores reclamam do transporte. Há duas linhas de ônibus para o Rio e um ramal de trem. Mototáxis proliferam e são também uma alternativa informal à carência do emprego. Num dos poucos postos de saúde, os pacientes se queixam:

- É preciso chegar na fila às 3h30m para conseguir senha - diz o pedreiro Maurício Scarpa, com uma erisipela no pé e nenhuma assinatura na carteira de trabalho.

O prefeito Ivaldo Barbosa dos Santos, o Timor (PSDB), admite os problemas, mas diz que já atraiu 14 fábricas por meio da redução do ICMS, que abrirão até duas mil vagas no ano que vem. Ele afirma ter capacitado cerca de mil pessoas e investe em saneamento.


Hospital Municipal de Macaé: a saúde é bem avaliada por moradores / André Teixeira

Já em Macaé, o emprego é pleno, o quinto maior do país. Foram dez mil vagas criadas só em 2008, antes da crise que causou fechamento de 87 postos em 2009. Nilton Douglas, de 22 anos, cursando o 2º ano do ensino médio, veio de Magé e conseguiu uma vaga com o primeiro currículo que enviou em Macaé, numa empresa de engenharia.

Vitaminada por uma rica receita em royalties de petróleo (recorde de R$ 519 milhões em 2009), a cidade mantém dez unidades de saúde. A população elogia o atendimento no Hospital Público Municipal, que atrai gente de outros municípios.

Além do emprego, há quem se mude para Macaé para estudar na Cidade Universitária, que mantém cursos de UFF, UFRJ e da faculdade municipal. É o caso de Juliana Garcia, 21 anos, que saiu do Rio para cursar Medicina na UFRJ e não descarta trabalhar na cidade depois de formada.

Enquanto o aluguel de uma casa de três quartos custa R$ 3 mil na região central, Macaé tem vários bolsões de pobreza. Em Lagomar, por exemplo, não há rede de esgoto ou de água. Moradores se lembram de pelo menos 20 assassinatos nos últimos três meses por traficantes.

- O desafio é parar de crescer e aprofundar o desenvolvimento. O petróleo é perverso, pois arrasou os valores sociais do que era uma vila de pescadores. O processo de melhoria é recente - analisa a prefeita em exercício, Marilena Garcia.

0 Response to "Rio tem quase 10% das cidades com alto desenvolvimento, mas perde status"

CURSOS PREPARATÓRIOS

CURSOS PREPARATÓRIOS
O Ciep 207 está oferecendo diversos cursos! Clique e saiba mais!

NAS ONDAS DO AMBIENTE

NAS ONDAS DO AMBIENTE
Clique e visite o site da Rádio do CIEP 207